A noção de integração tem sido compreendida de
diversas maneiras, quando aplicada à escola. Os diversos significados que lhe
são atribuídos devem-se ao uso do termo para expressar fins diferentes, sejam
eles pedagógicos, sociais, filosóficos ou outros.
Por tratar-se de um constructo histórico recente, que
data dos anos 60, a
integração sofreu a influência dos movimentos que caracterizaram e
reconsideraram outras ideias, como as de escola, sociedade, educação.
Os movimentos em favor da integração de crianças com
deficiência surgiram nos países nórdicos (Bank-Mikkelsen 1980, Nirje 1969),
quando se questionaram as práticas sociais e escolares de segregação, assim
como as atitudes sociais em relação às pessoas com deficiência intelectual.
Uma das opções de integração escolar denomina-se mainstreaming,
ou seja, "corrente principal" e seu sentido é análogo a um canal
educativo geral que em seu fluxo vai carregando todo tipo de aluno com ou sem
capacidade ou necessidade específica. O aluno com deficiência mental ou com
dificuldades de aprendizagem, de acordo com o conceito referido, deve ter
acesso à educação, e sua formação deve ser adaptada às suas necessidades
específicas. Esse processo de integração se traduz por uma estrutura intitulada
sistema de cascata, que deve favorecer o "ambiente o menos
restritivo possível", dando oportunidade ao aluno, em todas as etapas da
integração, para transitar no "sistema", da classe regular ao ensino
especial.
A outra opção de inserção é a inclusão, que questiona
não somente as políticas e a organização da educação especial e regular, mas
também o conceito de mainstreaming. A noção de inclusão institui a
inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O vocábulo
integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo
de alunos que já foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é
a de não deixar ninguém fora do ensino regular, desde o começo. As escolas
inclusivas propõem um modo de constituir o sistema educacional que considera as
necessidades de todos os alunos e que é estruturado de acordo com essas
necessidades. A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não
se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham
sucesso na corrente educativa geral.
A metáfora da inclusão é a do caleidoscópio. Essa
imagem foi muito bem descrita no que segue: "O caleidoscópio precisa de
todos os pedaços que o compõem. Quando se retiram pedaços dele, o desenho se
torna menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem, aprendem e
evoluem melhor em um ambiente rico e variado" (Forest e Lusthaus 1987, p.
6).
As propostas de fusão da educação especial com a
regular, assim como as de integração e de inclusão, sofrem objeções têm e
muitos adversários e estimulam a pesquisa e o desenvolvimento em pedagogia. Opiniões
adversas às teses em questão são tanto de caráter prático como ideológico e, no
geral, estão baseadas em preconceitos, nas percepções de pais, especialistas e
de professores. Os que defendem a inclusão ou a integração escolar reconhecem
que a maior parte das objeções assinaladas é devida à necessidade de se
contemplar a situação por meio de uma perspectiva nova, descontextualizada da
realidade presente. Muitos consideram utópicas essas proposições. Pensamos que
estamos apenas bastante atrasados no sentido de concretizar "um trabalho
de vanguarda e de inestimável valor para a educação em geral, que é o de
especializar-se no aluno" (Mantoan 1988, p. 161).
Desafios
A autonomia social e intelectual como meta da educação
de alunos com deficiência mental lança um duplo desafio à pedagogia. Os
propósitos da inserção escolar não valem unicamente para os aspectos físicos e
sociais, abrangendo também o acadêmico. Este se efetiva pela definição dos
limites da autonomia e pela operacionalização do conceito de habilidades
intelectuais alternativas.
A construção da autonomia compreende, de um lado, a
detecção, a redução ou a eliminação dos obstáculos que geram as situações de
inadaptação escolar, e, do outro, o conhecimento mais aprofundado das condições
de funcionamento da inteligência dessas pessoas, sem o que não se pode prover
um processo interativo entre o sujeito e o meio escolar o menos deficitário
possível em trocas intelectuais e interpessoais. Precisamos encontrar soluções
que se assemelhem às rampas nas calçadas e ao manejo das cadeiras de rodas, que
possibilitam aos deficientes físicos o deslocamento o mais autônomo possível no
espaço físico.
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