sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A heterogeneidade da sala de aula

Boa parte dos professores sonham em ter uma classe de alunos com o mesmo nível de aprendizagem para assim efetivar com êxito seu planejamento.

Infelizmente isto não é possível, porque as pessoas são únicas, com tempos, maturações, desenvolvimentos completamente diferentes uma da outra. A homogeneidade só seria possível na escola se os alunos fossem robôs, como não são, sempre teremos salas com alunos com tempos, aprendizagens e expectativas diversas.

Vygotsky já defendia o convívio em sala de aula de crianças mais adiantadas com aquelas que precisavam de ajuda para avançar. Para que uma criança estimulasse, interagisse para o desenvolvimento da outra. Portanto, vamos ACABAR com esta história de formar turmas dos "fortes" e dos "fracos" com desculpa de "facilitar o trabalho do professor.

A escola precisa se preocupar permanentemente com a aprendizagem dos seus alunos, para isso precisa ter como rotina, meta, missão: planejamento, acompanhamento e reflexão. Estes três itens são imprescindíveis para o sucesso da escola. Eles também vem referendar um trabalho profissional e ético que toda escola deve desenvolver.

Se a escola tem um planejamento coerente, lúcido com a realidade escolar e da comunidade, tem uma proposta de acompanhamento que perpassa pelo dialogo, pela a assistência, pela orientação, pela sistematização das ações, e garante em sua dinâmica momento individual e coletivo de reflexão  e análise de ações e resultados para retomada de percurso ou avanço das ações iniciais, não há porque se propor a "homogeneização" das turmas. 

A criança que chega a escola tem o direito de aprender. E a escola constitucionalmente tem a obrigação de garantir isto, pois é ela responsável pela formalização do conhecimento.  Por outro lado, sabemos que a realidade das escolas brasileiras não favorece a aprendizagem dos alunos devidamente. Isto ocorre por diversos fatores, entre eles a estrutura física, recurso humano fragilizado, ausência de recurso pedagógico... entre tantas outras coisas.

Preciso destacar que em muitos casos o fator família também tem corroborado para as dificuldades de aprendizagem dos alunos. Saliento que o papel de ensinar é da escola. Quando se coloca a família como um aspecto que tem dificultado é no sentido de atenção a educação dos filhos, de construir uma rotina familiar, de zelar pela integridade física e emocional dos seus filhos. É comum recebermos alunos muito fragilizados emocionalmente em virtude do convívio familiar que muitas vezes é tumultuado ou indevido mesmo, visto ocorrer uso de drogas ou prostituição.

Estes alunos estão indo compor as nossas classes. E, logo, temos uma classe de alunos que têm convívio só com o pai, ou só com a mãe, ou com os dois, ou com nenhum dos dois... como podemos ter uma sala homogenia? 

As especificidades de uma sala de aula são muitas. Por isso o professor não pode ficar sozinho em sua caminhada, é importante o apoio e o companheirismo do coordenador pedagógico e da direção, além de outros profissionais que a escola dispor, como psicopedagogo, orientador educacional, programas de contra turno podem ser estrategias para superação das dificuldades encontradas na sala de aula.

Outra alternativa sugerida para lidar com estas diferenças é a escola fazer o monitoramento constante da evolução dos alunos traçando e executando metas para contorná-las. Uma delas pode ser o agrupamento produtivo. 

Após o professor ter o perfil da turma e identificar os níveis de aprendizagens presente na sala, o coordenador pedagógico deve mapear este perfil de todas as classes. Junto com os professores, o coordenador organiza o agrupamento produtivo como ação pontual, por um período preestabelecido.

O agrupamento poderá acontecer todos os dias por x horas ou por x dias da semana. De modo que o aluno não perca a referencia da sua sala de origem. Então, conforme diagnóstico alunos nível I agrupa e fica sob a responsabilidade de uma professora, o mesmo ocorre com os demais níveis.

Os professores por sua vez organizará ações, atividades voltadas para o nível identificado de modo a favorecer a mudança de nível do aluno num determinado período de tempo.

É importante reforçar que o aluno não perde o contato com sua turma de origem e este agrupamento ocorre por um determinado período. Ele não pode acontecer durante todo o ano.

Retomando o pensamento de Vygostsky o homem estabelece interdependência entre o desenvolvimento, a aprendizagem e as influencias socioculturais. Assim, a escola é o espaço de excelência para fomentar esta interação. 

Abraços fraternos,

Ananda Lima 
(77) 9-9998-3406

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