terça-feira, 21 de agosto de 2012

A Língua de Eulália - resumo


Vera, Sílvia e Emília são professoras de uma escola em São Paulo e estudantes universitárias de letras, psicologia e pedagogia respectivamente. Elas foram passar as férias na cidade de Atibaia e ficaram hospedadas na casa da tia de Vera que se chama Irene que é linguista e está escrevendo um livro sobre variação linguística.
Já devidamente acomodadas, durante o almoço, as três visitantes percebem os “erros” de português de Eulália que é empregada e amiga de Irene, ao pronunciar, por exemplo, “os probrema”, “os fósfro”. A partir daí a tia de Vera começa a ensinar os fenômenos da língua e explicar a lógica de funcionamento das variedades linguisticas para combater o preconceito linguístico.
Dessa forma Irene vai explicando que não existe uma única língua, mas várias que devem ser respeitadas, pois o português não-padrão falado por Eulália tem uma jlógica que pode ser explicada cientificamente e permite o entendimento de uma mensagem.
Irene esclarece através de seus quadros explicativos as diferenças do português- padrão e não-padrão, por exemplo, que o português padrão é artificial porque requer aprendizado, memorização das regras ao passo que o não-padrão é natural porque segue as tendências naturais da língua, criando regras que são automaticamente respeitadas pelo falante.
O português não-padrão diminui regras gramaticais como o plural, a concordância e a conjugação verbal, por exemplo, ao invés de marcar todas as palavras de uma frase para indicar um número de coisas maior que um acaba marcando apenas uma palavra como em “As garça dá meia volta” (pág.51). Este processo acontece na norma padrão de outras línguas como o inglês e o francês que escreve as marcas de plurais, mas não as pronuncia. Entretanto não há nada que impeça a compreensão, portanto se torna eficaz.
No desenvolver dessa novela sociolingüística vamos conhecendo vários fenômenos lingüísticos, por exemplo, o rotacismo que é a troca de L por R que pode ser explicado através da origem das palavras no latim; o yeísmo que é a troca de LH por i devido à comodidade maior de pronunciar o i; a assimilação de ND em N e de MB em M com em falando que passou a falanno e depois falano, pois o som dessas consoantes é próximo; a redução que ocorre quando as vogais E e O são pronunciadas como i e U; contração das proparoxítonas em paroxítonas que ocorre também na norma padrão, visto que as palavras proparoxítonas em latim passaram a ser paroxítonas no português padrão; o arcaísmo que ainda permanece em regiões afastadas das metrópoles brasileiras; a analogia que causa a mudança de classe gramatical de algumas palavras por causa do som de uma vogal e o caso do pronome oblíquo mim que vem sendo um “erro” cometido desde 1872 como ficou registrado no romance Inocência, escrito pelo Visconde de Taunay, sendo muitas vezes usado pelos falantes da norma culta, pode ser explicado, dentre outras maneiras, pelo fato do pronome mim ser tônico e procurar enfatizar a oração como em “João trouxe um monte de livros para mim escolher” (pág. 182).
Com todos esses fenômenos a língua torna-se mais complexa e novas regras vão sendo criadas pelo inovador português não-padrão.
Após o livro abordar e explicar através de exemplos todos esses fenômenos podemos perceber que do ponto de vista lingüístico não existe erro, mas sim o adequado e o inadequado, assim é necessário que o ensino do português-padrão seja voltado para linguistica para que o cidadão perceba a importância de adequar a sua forma de comunicação em diferentes contextos, permitindo-lhe o acesso as práticas sociais de leitura e escrita e que se faz necessário desvelar o mito da língua única, mencionando o seu valor social e abordando temas como variantes lingüísticas e fenômenos da língua para evitar o denominado preconceito linguístico.


Bibliografia:

BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália: novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2008.

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