Apesar dos esforços feitos pelas Secretarias de Educação para oferecer formação continuada aos educadores, pesquisa aponta que há muito que avançar
Noêmia Lopes
Apesar dos esforços feitos em diversas regiões do Brasil pelas Secretarias de Educação para atender às necessidades formativas das equipes escolares, ainda há muito a conquistar. Essa é uma das conclusões da pesquisa Formação Continuada de Professores no Brasil: Uma Análise das Modalidades e Práticas.
Entre os pontos positivos, o estudo relata o abandono da ideia de que a boa formação se faz apenas individualmente, com o profissional frequentando conferências e palestras. Já se dissemina a ideia de que o aperfeiçoamento adquirido em serviço, com os pares, é o caminho mais eficiente. As redes também começam a entender que não basta oferecer programas voltados ao domínio de conteúdos teóricos sem haver reflexão e estudo vinculados à prática pedagógica.
Garantir condições para que o horário de trabalho pedagógico coletivo aconteça de fato é uma obrigação das redes. "Muitas instituem esse momento formativo, porém esquecem de criar a estrutura necessária para efetivá-lo", diz Gisela Wajskop, diretora do Instituto Superior de Educação de São Paulo - Singularidades.
Para preencher as lacunas que ainda persistem - e que infelizmente não são poucas -, é necessário que as Secretarias de Educação se responsabilizem pela execução de políticas públicas sem as quais é impossível melhorar a qualidade dos programas oferecidos. Algumas delas:
1 Incorporar a formação à jornada de trabalho
2 Garantir a continuidade dos programas formativos
3 Valorizar a formação em serviço no plano de carreira
4 Ter coordenador pedagógico em todas as escolas
5 Fazer a formação do coordenador pedagógico
6 Investir em capacitação articulada ao contexto de trabalho
7 Incentivar a escola a ser um espaço de aperfeiçoamento profissional
8 Ter equipe técnica para acompanhar os gestores
A rede que busca cumprir esses passos tem grande possibilidade de conquistar altos índices de sucesso escolar. "Contudo, é importante lembrar que o Brasil ainda carece de outros pontos fundamentais, como a articulação entre a formação inicial e a continuada e a criação de currículos nacionais tanto para os cursos de Pedagogia e licenciatura como para as expectativas de aprendizagem dos estudantes", alerta Gisela.
Esforços conjuntos nas esferas federal, estadual e municipal ajudariam a melhorar a qualidade de ensino - e evitar um cenário em que apenas uma ou outra escola da rede se tornem uma ilha de excelência. Como bem resume Francisco Imbernón, professor de Didática e Organização Educacional da Universidade de Barcelona, na Espanha: "É óbvio, mas nem por isso menos relevante, que as pesquisas sobre formação em serviço apontem que o apoio real às escolas é mais importante do que boas intenções ou palavras em documentos - sobretudo quando é preciso assumir riscos relacionados à experimentação".
Fonte: http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/formacao-oferecida-pelas-secretarias-precisa-melhorar-629877.shtml
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