sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Memórias...



A primeira escola que frequentei foi no município de Ipirá – BA, tinha seis anos de idade. Tenho poucas recordações da minha primeira experiência como aluna, me recordo da sala de aula, dos enfeites pendurados que muito chamava atenção. Aqueles enfeites me fascinavam, levava-me a um mundo de encantamento e sonhos.
No ano seguinte fui cursar a primeira série, me recordo da professora, desejava ser como ela, queria ter seus cabelos, seu jeito... era Mirtes, pessoa encantadora. Lembro que fazíamos muitas atividades de cobrir, de ligar e copiar.
Era aluna extremamente tímida, isso fez com que eu ficasse marcada por muitos anos da minha vida estudantil como fraca, sempre compondo as classes dos “mais fracos”, que precisava de atenção.
Os anos seguintes fui aluna da mesma professora, Ivonete. As atividades eram tradicionais, sem nos permitir uma reflexão sobre o que estávamos aprendendo, era tudo muito mecânico. As atividades de cópias eram constantes, quando errava uma palavra era castigada com a repetição da mesma, inúmeras vezes.
Algo muito forte em minha memoria era o encantamento, a paixão que tinha pela escola, pelo saber. Meu pai costumava comprar o material escolar na cidade de Feira de Santana, então eu ficava eufórica com a chegada dele com os materiais escolares, adorava sentir o cheiro dos cadernos novos.
A ansiedade pelo primeiro dia de aula, em saber qual sala iria estudar, quem seria a professora, se os colegas seriam os mesmos... eram tantos os questionamentos...
Meu pai foi a pessoa que me inseriu no mundo da leitura, ele era feirante, vendia frutas e animais na feira. Geralmente quando chegava do trabalho trazia cordel que comprava nas barracas vizinhas. Deitava no sofá e começava a lê-los em voz alta, num entusiasmo fascinante.
Eu ficava sentada no chão viajando naquela leitura, no enredo das histórias. Foi assim que me encantei pelo mundo das letras, das ideias, graças a um homem que não teve a oportunidade de concluir a 4ª série, mas que me oportunizou a ser tudo que sou hoje!
Na região onde estudei inicialmente, o alfabeto tem a sonoridade real das letras (m é mê, n é nê, r é rê, s é si...), quando meus pais resolveram mudar para Irecê, terra do meu pai, foi um choque para mim, pois descobrir lá que algumas letras do alfabeto tinham outra sonoridade. Fiquei muito confusa, inclusive interferiu diretamente na minha aprendizagem por algum tempo, pois já era tímida e mais tímida me tornei no novo ambiente e na nova forma de expressar.
O método de ensino continuava tradicional, a aprendizagem referente a ortografia se dava de forma mecânica, com a gramática não era diferente. Toda sexta-feira a professora fazia a sabatina do verbo, só faltava morrer de medo de ser contemplada em sua escolha para a sabatina, pois tinha muita vergonha de ser exposta a uma situação de constrangimento.
Quando ainda estudava em Ipirá me recordo de ter paixão pela letra R, tinha uma colega que se chamava Renata e queria ser como ela, falante, depreendida, desejava ter o seu nome, pois as pessoas erravam muito o meu, sempre era Amanda, Alana... nunca Ananda! Na aula de Geografia quando a professora falava dos estados de Roraima e Rondônia viajava imaginando como seriam estes estados. Muitos anos depois casei com Rogério, que tem inicial do seu nome a letra da minha infância, o R!
 


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