A
primeira escola que frequentei foi no município de Ipirá – BA, tinha
seis anos de idade. Tenho poucas recordações da minha primeira experiência como
aluna, me recordo da sala de aula, dos enfeites pendurados que muito chamava
atenção. Aqueles enfeites me fascinavam, levava-me a um mundo de encantamento e
sonhos.
No
ano seguinte fui cursar a primeira série, me recordo da professora, desejava
ser como ela, queria ter seus cabelos, seu jeito... era Mirtes, pessoa
encantadora. Lembro que fazíamos muitas atividades de cobrir, de ligar e
copiar.
Era
aluna extremamente tímida, isso fez com que eu ficasse marcada por muitos anos
da minha vida estudantil como fraca, sempre compondo as classes dos “mais
fracos”, que precisava de atenção.
Os
anos seguintes fui aluna da mesma professora, Ivonete. As atividades eram
tradicionais, sem nos permitir uma reflexão sobre o que estávamos aprendendo,
era tudo muito mecânico. As atividades de cópias eram constantes, quando errava
uma palavra era castigada com a repetição da mesma, inúmeras vezes.
Algo
muito forte em minha memoria era o encantamento, a paixão que tinha pela
escola, pelo saber. Meu pai costumava comprar o material escolar na cidade de
Feira de Santana, então eu ficava eufórica com a chegada dele com os materiais
escolares, adorava sentir o cheiro dos cadernos novos.
A
ansiedade pelo primeiro dia de aula, em saber qual sala iria estudar, quem
seria a professora, se os colegas seriam os mesmos... eram tantos os
questionamentos...
Meu
pai foi a pessoa que me inseriu no mundo da leitura, ele era feirante, vendia
frutas e animais na feira. Geralmente quando chegava do trabalho trazia cordel
que comprava nas barracas vizinhas. Deitava no sofá e começava a lê-los em voz
alta, num entusiasmo fascinante.
Eu
ficava sentada no chão viajando naquela leitura, no enredo das histórias. Foi
assim que me encantei pelo mundo das letras, das ideias, graças a um homem que
não teve a oportunidade de concluir a 4ª série, mas que me oportunizou a ser
tudo que sou hoje!
Na
região onde estudei inicialmente, o alfabeto tem a sonoridade real das letras
(m é mê, n é nê, r é rê, s é si...), quando meus pais resolveram mudar para
Irecê, terra do meu pai, foi um choque para mim, pois descobrir lá que algumas
letras do alfabeto tinham outra sonoridade. Fiquei muito confusa, inclusive
interferiu diretamente na minha aprendizagem por algum tempo, pois já era
tímida e mais tímida me tornei no novo ambiente e na nova forma de expressar.
O
método de ensino continuava tradicional, a aprendizagem referente a ortografia
se dava de forma mecânica, com a gramática não era diferente. Toda sexta-feira
a professora fazia a sabatina do verbo, só faltava morrer de medo de ser
contemplada em sua escolha para a sabatina, pois tinha muita vergonha de ser
exposta a uma situação de constrangimento.
Quando
ainda estudava em Ipirá me recordo de ter paixão pela letra R, tinha uma colega
que se chamava Renata e queria ser como ela, falante, depreendida, desejava ter
o seu nome, pois as pessoas erravam muito o meu, sempre era Amanda, Alana...
nunca Ananda! Na aula de Geografia quando a professora falava dos estados de
Roraima e Rondônia viajava imaginando como seriam estes estados. Muitos anos
depois casei com Rogério, que tem inicial do seu nome a letra da minha
infância, o R!
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