domingo, 7 de junho de 2015

As Estruturas dos Jogos



A - Jogos  de exercício – Estrutura: Exercício
Os jogos de exercício correspondem às primeiras manifestações lúdicas da criança, constituindo a forma inicial de jogo. “Os esquemas motores adquiridos pela criança prolongam-se em atividades lúdicas, quando a criança, após realizar um esforço adaptativo, passa a repetir o esquema sem causa ou sentimento de poderio”.
No período sensório-motor, o jogo de exercício consiste em rituais ou manipulações de objetos em função dos desejos e hábitos motores da própria criança.

B – Brincadeira simbólica – Estrutura: Símbolo
A segunda categoria de jogos é representada pela brincadeira simbólica, típica do período pré-operatório.
Corresponde a brincadeira simbólica a uma das manifestações da função semiótica, que surge a partir dos anos de idade aproximadamente e que possibilita a representação, isto é, a evocação por meio de significantes diferenciados (linguagem, imagem mental, gesto simbólico) de um significado que pode ser um objeto, acontecimento ou esquema conceitual.
O Jogo deste período é importante ao desenvolvimento cognitivos afetivos da criança.

C – Jogo de regras – Estrutura: Regras
Com os progressos da socialização da criança e o desenvolvimento de suas estruturas intelectuais, o jogo egocêntrico é abandonado. O interesse da criança passa a ser social, havendo necessidade de controle mútuo e de regulamentação. As obrigações são impostas à criança pelo grupo por intermédio das relações de reciprocidade e cooperação entre os companheiros.

C.1  -  Prática das regras.
O primeiro estágio corresponde aos jogos de exercícios do nível sensório-motor, denominado’ estágio-motor ou individual’.  O jogo da criança é  individual e dirigido em função  de seus desejos e hábitos motores.
À medida que a criança recebe as regras do meio e tenta imitá-las o segundo estágio se constitui, denominado  “egocêntrico”.  O jogo desta fase pode ser realizado individualmente ou com a presença de companheiros, Piaget esclarece que já existe, em tal comportamento, um início da regra.
O terceiro estágio, o da cooperação nascente, é marcada pela necessidade de entendimento entre os jogadores. Piaget escolheu arbitrariamente um critério que destacasse esse  entendimento mútuo: “O Momento em que a criança designa  pela  palavra ‘ganhar’ o fato é,  vencer  os demais”. Este ganhar significa considerar o que seus companheiros fizeram. À medida que a criança se esforça para ganhar dos companheiros, observando as regras, o jogo torna-se social.
O quarto estágio que tem início por volta dos 11-12 anos, existe apenas diferença de grau. Neste último estágio, caracterizado pela codificação das regras, as partidas são minuciosamente regulamentadas. Todos os jogadores procuram combinar, prever os casos possíveis que poderiam eventualmente aparecer no jogo e codificá-los.  As crianças organizam sistematicamente todas as exceções do jogo. Nesse sentido, o interesse é voltado para a regra em si mesma.

C.2- Consciência da regra
No primeiro estágio, Piaget  informa que a regra não e repressiva pelo seguinte motivo: ou a criança segue suas fantasias simbólicas, ou a regra é motora, não sendo, pois, na realidade, uma obrigação. È importante lembrar que nesta fase já existe uma “consciência de legalidade”, dado que alguns acontecimentos físicos (dia, noite, paisagem dos passeios) e também certo número de regularidades (refeição, sono, asseio) exercem pressões sobre a criança, pois esta  desde que nasce, já está inserida numa atmosfera de regras.
O segundo estágio envolve o estágio egocêntrico e a primeira metade do estágio de cooperação. A regra nesta fase  é sagrada, o adulto é que a faz e toda modificação é uma forma de transgressão.A regra coletiva é ainda exterior á criança, por isso é imutável.
O terceiro estágio em que a regra é considerada como uma lei que pode ser mudada de acordo com o consenso geral, constituindo a “regra racional”.

C.3 – Jogo e interação social
No período sensório-motor, Piaget admite que não se pode afirmar com exatidão as modificações na estrutura mental da criança pela ação da vida social, o que ocorre porque nesse período não há ainda intercâmbios de pensamento. O jogo revela-se individual, contudo, no ritual lúdico, a criança já expressa tais regularidades.
No período pré-operatório, novas relações sociais são constituídas por meio da linguagem e a criança passa a perceber que se referem a obrigações, leis, ordens que devem se cumpridas.
É no período das operações concretas que ocorre um nítido progresso da socialização da criança. Esta torna-se capaz de cooperar, de coordenar pontos de vista, de discutir, pois se organiza interiormente e expõe se pensamento ordenado e de maneira compreensível para aqueles que a ouvem. Os jogos das crianças testemunham estas transformações, pois, como já foi visto, organizam-se os jogos coletivos, com regras comuns a que devem obedecer reciprocamente. 

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